sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


A REFORMA E REGULAMENTAÇÃO DA GUARDA MUNICIPAL DE JEQUIÉ - BAHIA, CRIANDO A GUARDA CIVIL - CAPÍTULO III


FONTE:  
A NOVA HISTÓRIA DE JEQUIÉ - 
LIVRO DO HISTORIADOR JEQUIEENSE - ÉMERSON PINTO DE ARAÚJO:


“ (...) Nereu Ramos, presidente do Senado, assumiu a direção do Poder Executivo, possibilitando a posse da chapa Juscelino-Jango, eleitos para o terceiro qüinqüênio, a 31 de Janeiro de 1956.

Em Jequié, Lomanto Júnior, após concluir o mandato de prefeito, elegeu-se deputado estadual sem maiores contratempos. Difícil, entretanto, foi a eleição do seu sucessor, o advogado Ademar Nunes Vieira do PL, neto de Damião Vieira, o primeiro professor do município, tendo como contendor, o udenista Dorival Borges de Sousa que ,ais uma vez, tentou conquistar o curral municipal. A campanha sucessória foi mais tumultuada do que as anteriores, tendo o candidato Ademar Vieira, realizado um dos seus últimos comícios num palanque quebrado, com a bandeira da Bahia rasgada, segundo dizem, pelos seus adversários, o que lhe rendeu muitos votos na cidade, onde sua votação era periclitante. A oposição, por sua vez contestou a versão, declarando que os estragos foram provocados pelos próprios seguidores do candidato governista, com o fito de angariar simpatias no seio do eleitorado. A polêmica permanece até os dias atuais, havendo quem atribua a um indivíduo conhecido como Palmer, a autoria da façanha.

Ferido o pleito municipal, Dorival Borges de Souza teve expressiva votação na sede do município, a qual não foi suficiente para abater a quantidade de votos obtidos por Ademar Vieira nas urnas interioranas. Uma nova batalha de recursos foi interposta na Justiça Eleitoral, contestando os resultados de algumas seções de votação. Empossado a 7 de abril de 1955, juntamente com os novos integrantes da Câmara de Vereadores, o certo é que o novo chefe da Comuna, tendo contra si o governo do Estado e forte oposição local, levou à efeito uma administração fértil, pavimentando ruas, ampliando a rede de iluminação, concluindo o prédio da usina de luz, hoje pertencente à Coelba, conseguindo ainda da Marinha a doação de um potentíssimo motor movido a óleo que resolveu por algum tempo o problema decorrente da escassez de energia elétrica. Faleceu quando faltava um ano para concluir o mandato, tendo um enterro concorridíssimo.

Ao morrer, Ademar Vieira já tinha concluído a maior parte do mandato. Em tais casos, como não havia o cargo de vice-prefeito, a legislação vigente determinava que caberia à Câmara de Vereadores escolher o sucessor para a complementação do restante do quadriênio. A escolha recaiu sobre o vereador Urbano de Almeida Neto, representante do distrito de Jitaúna.”

“Dois acontecimentos agitaram a comunidade jequieense naquele quadriênio. Criado o policiamento ostensivo pelo governador Antônio Balbino, com a famosa dupla “Cosme e Damião”, foi o mesmo entregue em Jequié ao então tenente Etiene Falcão. Em nome da manutenção da ordem, uma série de arbitrariedades foi perpetrada contra cidadãos conceituados, proibidos até de cruzar as pernas no cinema (parece até piada...), provocando a revolta da sociedade. A arbitrariedade chegou ao auge quando a força policial invadiu as instalações da “Rádio Baiana de Jequié”, no momento em que divulgava a gravação de uma fita contendo denúncia de Washington Navarro Pinto contra as violências do tenente Etiene. Para não ser preso, Washington Navarro Pinto teve que deixar a cidade às pressas. Imediatamente, as forças vivas da comunidade reforçaram os telegramas expedidos às autoridades federais e estaduais reclamando providências, o que culminou com a destituição do tenente atrabilário, chamado de volta à capital do Estado. Situação semelhante ocorreu anos atrás, quando o secretário da prefeitura na gestão Newton Pinto de Araújo, com o apoio da Guarda Municipal, fechou barracas de jogo de azar com funcionamento autorizado pelo delegado regional de polícia, pessoa de confiança do Secretário de Segurança Pública do Estado, Oliveira Britto. O delegado regional chegou a ordenar a prisão do secretário da Prefeitura, o que não aconteceu, recaindo a prisão sobre um dos integrantes da Guarda Municipal, logo em seguida posto em liberdade por força de um habeas corpus deferido pelo juiz da Comarca Mário Lins Ferreira de Araújo. Irritado, o delegado prendeu o carcereiro que acatou a decisão da justiça. Telegramas de várias entidades foram endereçados às principais autoridades do Estado e do País. O episódio só não teve um envolvimento maior porque chegou uma determinação do Ministério da Justiça mandando cumprir com todo rigor a decisão do presidente Eurico Gaspar Dutra, proibindo o jogo de azar em todo o País. O secretário da Prefeitura na ocasião outro não era do que o autor deste livro. O incidente foi registrado nos jornais da cidade e da capital.”

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Alessandro Veloso
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